Alguns novos vizinhos acabaram de se mudar para cá. Vivi aqui toda a minha vida. Seria estranho afastarmo-nos. O meu melhor amigo vivia lá. Somos amigos desde os cinco anos. O pai de Benji conseguiu um novo emprego e agora mora a 160 quilômetros de distância. Tenho muitas saudades dele. Quero dizer, mandamos mensagens e tal, mas não podemos sair. A minha mãe foi ter com eles. Há um homem mais velho e seu filho, que tem mais ou menos a minha idade. Talvez possamos ser amigos. Acho que é o Prof. Snow é um professor universitário, ou algo assim. Nunca conheci um professor universitário. Não sei se devo chamá-lo de “professor” ou não. A mãe diz que acha que o Noah é gay. Quero dizer, eu não me importo, mas é como se eu não sou gay. Bem, eu não achava que estava, até ontem. As coisas ficaram muito mais complicadas ontem. Mas o Noah é definitivamente gay. Mamãe disse que eu deveria ir encontrá-lo, mas, sério, nós dois temos cerca de dez anos de idade demais para eu ir bater na porta e ser como, “Prof. Neve pode Noah sair e brincar?” Terei de esperar até vê - lo, mas agora até mesmo isso é meio estranho. Tenho este telescópio. Não a uso há anos. Eu quase me livrei dele, mas é muito bom e não é como se não tivéssemos espaço para armazená-lo. Não sei por que fiz isso. Só estava curiosa sobre os vizinhos e pensei que se olhasse para a janela deles, podia descobrir sobre eles. Agora, eu meio que queria não ter feito isso. Em um milhão de anos nunca pensei que veria o que vi. Se descobrisse que estavam a cozinhar crack na cave, seria mais credível do que o que vi e as hipóteses de eu estar a olhar para aquela janela naquela altura. É um dos quartos. Não sei de quem. De qualquer forma, lá estava eu a olhar através do telescópio e eles entraram na sala. O Noah e o pai. De repente, começaram a beijar-se uns aos outros, como um beijo sério. Tipo namorado/namorada...